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sábado, 7 de maio de 2016

Capitão América - Guerra Civil.

Capitão América: Guerra Civil é o melhor filme da Marvel? Vi diversas pessoas se questionando isso antes de ver o filme. Ao lembrar de uma reação parecida de grande parte dos fãs quando Batman vs Superman estreou, imaginei ser uma loucura o terceiro filme do Capitão América ter esta importância atribuída, pensei que a empolgação que deturpou o senso crítico de tantos fãs da D.C. Comics havia atingido os fãs da Marvel. Fui surpreendido, positivamente.

Guerra Civil não é o melhor filme da Marvel. Os Vingadores (2012) e Guardiões da Galáxia (2014) superam em vários pontos esta nova produção. Entretanto o filme é tudo o que os fãs da Marvel esperavam. É um mais do mesmo de algo excelente. Isso é bom? Sinceramente a resposta para essa pergunta é mais difícil do que parece, mas o filme é sim muito divertido. A qualidade das cenas de ação dos U.M.C. vem crescendo exponencialmente, parece que estamos vendo quadrinhos se movendo na tela dos cinemas e isto é certamente uma qualidade da qual a Marvel merece ser creditada, tal como os irmãos Russo, diretores do filme.

Arrisco dizer que o filme supera em diversos momentos as HQ’s. Primeiramente, os quadrinhos são muito mais desorganizados que o filme, diversas histórias que não possuem conexão direta, ou ao menos não possuem ligação coerente com a trama central, acontecem paralelamente, o que torna a leitura extremamente cansativa e confusa. No filme, o número de heróis é obviamente muito menor, mas ainda grande para uma única produção. Cada personagem possui tempo de tela suficiente para ser desenvolvido e para ser encaixado de forma aceitável na trama. Outro ponto positivo do filme em relação aos quadrinhos é o equilíbrio da história. Nos quadrinhos é quase impossível ficar do lado do Homem de Ferro, enquanto as atitudes do Capitão América fazem total sentido, se compararmos com as ações quase fascistas de Tony Stark. No longa, o super registro dos heróis ainda é o foco central da fissura dos Vingadores, entretanto existem subtramas que tornam as ações do Homem de Ferro muito mais aceitáveis, abrindo, inclusive, precedentes para interpretações diferentes sobre as ações do Capitão Steve Rogers, tornando-as mais passionais do que nas HQ’s. Existe aqui uma grande apelação para o lado sentimental que envolve a amizade destes dois personagens, além das divergências políticas, a cisão ocorre em âmbito íntimo, o que coloca um peso muito maior nos conflitos. A batalha final, o único momento em que a trilha sonora torna-se notável, mesmo que pouco, é bastante intensa, cada golpe dado, principalmente pelo Homem de Ferro, que há um bom tempo demonstra um olhar amargurado de alguém que possui um fardo psicológico muito pesado, é carregado de dor. É possível ouvir os pedaços de Tony Stark se partindo (desculpem o exagero, me emocionei de verdade!).


Deixando um pouco de lado os ícones principais do filme, vamos falar do que realmente interessa. O melhor Homem Aranha e Peter Parker de todos finalmente veio até nós. Obrigado por isto, Marvel! Tom Holland incorporou muito bem o amigo da vizinhança e roubou a cena em uma das sequências de lutas mais épicas do U.M.C, tanto em termos de ação quanto comicidade. Os roteiristas Christopher Markus e Stephen McFeely souberam transpor bem a personalidade do Aranha, as piadas estão excelentes e são muito naturais, encaixam muito bem no Homem Aranha construído para este universo, aliás, todas as piadas do filme são muito bem colocadas, diferentemente de Vingadores – A Era de Ultron (2015), que recebeu duras críticas devido ao humor forçado que apresentou.
É um pouco difícil falar de um filme com tantos personagens, mas algumas menções valem a pena, como a parceria do Gavião Arqueiro e Homem Formiga, muito esperada, os movimentos impecáveis da Viúva Negra, obrigado por isto, coreógrafos e o espetacular Pantera Negra, muito bem introduzido. Cabe ainda falar do Barão Zemo, vilão do filme, que embora tenha arquitetado um bom plano para separar os heróis, não agradou diversos fãs. Pessoalmente não tenho conhecimento suficiente para falar de Zemo nos quadrinhos, mas os filmes da Marvel apresentam dificuldade em construir um vilão que supere uma marca mediana, e isso se repete aqui. Loki ainda é o vilão mais carismático do U.M.C., entretanto não considero isto uma grande falha, Zemo é apenas uma faísca para o evento principal que é o embate das duas equipes. O filme continua excelente, apesar disto, e dizem as más línguas, que Capitão América: Guerra Civil é tudo o que Batman vs Superman quis ser. Aqui é #TeamCap, em todos os sentidos, e que venha o filme solo do Homem Aranha, que já possui título e logo oficial!


Me ajudem, Vingadores, é muito filme! Salvem minha carteira!

... ou não...

Nise - O Coração da Loucura.

Uma incrível surpresa. Nise, o Coração da Loucura é um dos filmes mais belos e edificantes que já vi. Roberto Berliner, de a Farra do Circo (2014) e Herbert de Perto (2009), com um roteiro escrito a várias mãos, nos apresenta algo lindo, poético e extremamente intimista. Embora a atmosfera do filme seja desalentadora, há uma brisa de esperança que traz uma certa felicidade ao assistir o longa.

O filme flerta com o gênero de documentário, mas tem sua liberdade enquanto dramatização. O enredo se resume à história de Nise da Silveira, (Glória Pires) psiquiatra afastada do hospital psiquiátrico onde trabalhava por ter em posse livros marxistas. Nise volta ao trabalho enfrentando, além do machismo incrustado na sociedade brasileira da década de 40 e a tendência anticomunista do período, seus colegas fortemente resistentes às propostas da psiquiatra em relação ao tratamento dos internos. Em um contexto onde os métodos de tratamento de pessoas com transtornos mentais focavam em abordagens extremamente violentas, fazendo uso de eletrochoques, lobotomias e isolamento social fomentadas pela ignorância e falta de empatia, Nise traz uma revolução ao propor lidar com essas pessoas de modo mais humanitário, ao melhor estilo Patch Adams, talvez um pouco menos colorido do que o filme estrelado por Robin Williams, de 1998, representa.

Por meio das belas artes, a doutora constrói um ambiente muito menos hostil aos internos em tratamento. Aqui começa uma escalada intensa, belíssima e cheia de altos e baixos. O elenco de apoio de Glória Pires atua de forma cativante neste momento de transformação, suportados pela musicalidade de Leonardo Rocha, também roteirista do filme. Roberto Berliner e Leonardo Rocha combinam incríveis tomadas com uma trilha sonora mágica, apresentando uma forma de poesia que só a sétima arte pode proporcionar.

Embora poético e otimista em alguns momentos, é um filme que te deixa fragilizado. Passa uma sensação de impotência e em alguns momentos proporciona grande raiva devido os surtos de agressividade gratuita, de doutores e funcionários do hospital psiquiátrico, decorrentes da falta de conhecimento e interesse em relação às formas de lidar de maneira mais produtivas e menos invasivas com os pacientes. Em contrapartida, as evoluções de alguns personagens, antes apáticos, são apresentadas de maneira tão lúdica, a passos inocentes, mas sinceros, que torna-se impossível não soltar um sorriso bobo ao assistir o filme. Nise, o Coração da Loucura é uma grande obra do cinema brasileiro, que provavelmente será subestimada e logo será esquecida, não por falta de qualidade ou qualquer ponto negativo, mas sim por possuir pouco espaço no cenário nacional mainstream e por acabar sendo ofuscada pelos grandes blockbusters internacionais. Pode ser uma perspectiva pessimista, mas infelizmente embasada em outras experiências quando se trata do cinema nacional. Espero estar errado.            

terça-feira, 29 de março de 2016

Batman vs Superman - A Origem da Justiça.

Um dos filmes mais aguardados de 2016 e, por que não, um dos mais aguardados do gênero de super-heróis, finalmente chegou. A questão agora é, será que o filme é tão bom quanto falam? Ou mesmo tão ruim quanto as críticas apontam? Dessa vez subirei no muro, Batman vs Superman é um filme mediano, mas que tinha tudo para ser grande.

Zack Snyder mais uma vez caiu na maldição de dirigir filmes mais ou menos, que possuem alguns bons picos de grandiosidade. Vamos aos fatos, o filme produziu grande expectativa no público, o que é quase sempre uma armadilha perigosa, na qual a obra caiu e feio. Os diversos trailers lançados tiraram grande parte da surpresa de se assistir o filme no cinema, o próprio vilão do filme, Doomsday, foi mostrado desnecessariamente antes do lançamento. Algumas cenas já reveladas, demoraram mais da metade do filme para aparecerem, o que eliminava quase por completo a sensação de surpresa ao assistir. Isso sem mencionar os diversos furos no roteiro, que nem mesmo as atuações, um dos pontos positivos do conjunto, puderam segurar.

O filme nos apresenta um Batman (Ben Affleck) surpreendentemente bom. Ainda não é o melhor Batman dos cinemas, ao meu ver, como muitos fãs colocaram, mas certamente é um Homem Morcego de respeito. O ator encarnou muito bem o personagem amargurado, com um peso enorme nas costas. Esse Batman é cansado e atormentado por eventos do passado, referência direta aos quadrinhos de Frank Miller. A Mulher Maravilha (Gal Gadot) também merece reconhecimento, embora tenha sido trabalhada um pouco nas coxas, a personagem ganhou um rosto, não consigo, ao menos por enquanto, imaginar outra atriz no papel. Mesmo com essas boas atuações, eles não conseguem amparar o Superman (Henry Cavill), que não possui carisma algum. Pode ser implicância, mas você vibra quando o personagem leva porrada e não é porque o Batman é incrível ou algo assim, mas sim porque o Super não faz nada que te convença que ele merece o contrário. Há algo de irritante neste Superman e eu não sei o que é. Talvez seja meu lado fanboy gritando mais alto pelo Batman, talvez não seja.

O curioso deste filme é que ele conseguiu superar as apreensões dos fãs, principalmente sobre os personagens de Ben Affleck e Jesse Eisenber, que interpretou incrivelmente Lex Luthor, mas errou feio ao atender às expectativas positivas, sobre o confronto entre os heróis, o vilão Apocalipse e principalmente sobre as motivações de cada personagem. Os acontecimentos são meio repentinos demais, com pouca explicação, confusos e o Batman literalmente muda de ideia em um minuto. Em um momento ele aponta uma lança de Kriptonita em direção ao peito do Homem de Aço e no seguinte o chama de amigo ao participar do salvamento de Martha Kent (Diane Lane), e toda essa reviravolta de sentimentos acontece só porque as mães dos dois possuem o mesmo nome. Mas que forçada de barra, ein senhor Zack Snyder? O senhor passa quase uma hora de filme trabalhando que o Batman considera o Super um risco e que o embate entre os dois é totalmente justificável por causa deste viés, o que faz muito sentido, era um bom caminho, mas depois joga isso tudo pelo ralo sem nem dar uma explicação sensata. Os roteiristas David S. Goyer e Chris Terrio deslizaram feio aqui. Zack Snyder só não tem preguiça de enfiar slow motion em tudo, parece que não conhece outra técnica de intensificação de cena dramática que não seja esta. Sem contar os excessos no uso de CGI, que tiram totalmente a imersão. Estes erros foram cruciais para tirar toda a possível grandiosidade de Batman vs Superman.

Embora recheado de defeitos, o filme possui seus pontos positivos. O diretor costuma respeitar muito os quadrinhos, às vezes até demais, como em Watchmen (2009) e 300 (2007), e não foi diferente desta vez. Alguns chamariam de homenagem, mas eu acho que o uso quase idêntico a cenas dos quadrinhos é um pouco de falta de coragem de inovar da parte de Snyder, entretanto, o forte do diretor aqui não foi seguir os quadrinhos à risca, ou fazer “homenagens” idênticas aos quadros das comics mais famosas, mas sim apresentar uma boa releitura dos clássicos. Quadrinhos como o próprio Dark Knight Returns (1986) do já citado Frank Miller, e o clássico The Death of Superman (1993) são misturados e ressignificados de maneiras curiosas e criativas. A inversão dos papéis na cena final do funeral do Superman foi a minha preferida, uma bela apropriação e adaptação do Cavaleiro das Trevas. O filme não é horroroso como muitos dizem e nem chega perto de ser a maravilha como a outra extremidade de fãs aponta, seu grande vilão, provavelmente, deve ter sido o estúdio que quis forçar um início do universo cinematográfico da DC, um tiro que pode ter saído pela culatra. A trilha sonora do espetacular Hans Zimmer, em pareceria com o DJ Holandes Junkie XL ainda se salva um pouco, ela é bem envolvente, apesar exagerada em alguns momentos, é condizente com o ritmo da trama. Vale a pena gastar seu tempo, mesmo que o filme seja tão extenso, para ver Batman vs Superman, nem que seja para criticar, se bem que se eu não reclamaria caso fosse ressarcido em tempo e dinheiro.

segunda-feira, 14 de março de 2016

A Bruxa!

A Bruxa já ganhou destaque antes mesmo de chegar aos cinemas. Com declarações de ícones populares dentro do universo do entretenimento do horror, dentre eles um dos maiores escritores de terror Stephen King, o filme criou uma grande expectativa para os fãs deste gênero, e até mesmo para os não tão fãs assim, como eu.

King declarou-se assustado com a atmosfera aterrorizante do filme. De fato o filme te causa uma sensação opressiva de modo bem eficiente, mas eu fiquei ainda mais assustado ao ver como um filme tão promissor, com um início e um meio tão interessantes, pode ser arruinado com um final tremendamente decepcionante. Toda a justificativa para o desenvolvimento extra e intra familiar do elenco principal do filme é jogado pelo ralo com um final muito repentino e, ao meu ver, pouco condizente com a proposta até então trabalhada no filme.

Robert Eggers, apesar das ressalvas, fez um belo trabalho como diretor novato em uma grande produção. Este não é um filme como os outros recentes de terror. Muitas pessoas decepcionaram-se por esperar uma obra com muitos sustos e elementos gore, mas o que nos foi apresentado foi um universo de grande tensão e drama. A total submissão da família à religião contribui muito para o clima agoniante que se estende durante todo o filme, mas isto se quebra como cristal quando o final nos é apresentado, se o filme terminasse alguns minutos antes, talvez o estrago não fosse tão grande.

Embora com este fim incrivelmente incoerente com o restante do filme, o elenco mostrou-se surpreendentemente adequado. Com exceção de Ralph Ineson (William), que fez pequenas participações na franquia de Harry Potter (2001 - 2011), no filme Guardiões da Galáxia (2014) e, com mais destaque, na série Game of Thrones (2011 – ainda em lançamento) e de Kate Dickie, que também participou de Prometheus (2012), o restante dos atores principais, dentro do núcleo familiar, não possuíam experiências em grandes produções cinematográficas, mas isto não foi nenhum entrave para suas grandes contribuições para o filme. Anya Taylor-Joy (Thomasin), Harvey Scrimshaw (Caleb) e mesmo os gêmeos Ellie Grainger (Mercy) e Lucas Dawson (Jonas) não destoaram em nenhum momento do que o filme pretendia apresentar.

O filme parece tentar construir toda uma trajetória de decadência da família, em termos religiosos. O início do fim com a heresia e o orgulho, seguidos pela luxúria, pela mentira e pela perda da própria fé. Essa trilha de elementos não é nada inovadora, mas o modo como se trabalha com ela é certamente notável, principalmente em conjunto com a impactante e muito bem encaixada trilha sonora de Mark Korven e a belíssima fotografia de Jarin Blaschke. Tendo um final que puxa, e bastante, para baixo a média do filme, uma nota 3,5 de 5,0 parece bastante apropriada. O filme poderia ter facilmente um 4,0 ou mesmo 4,5 se conectasse melhor as duas primeiras partes com a parte final. Parece que não é desta vez que teremos um neoclássico como muitos previram. 

domingo, 21 de fevereiro de 2016

A Garota Dinamarquesa!

A Garota Dinamarquesa é um filme que te deixa no chão e faz sair se arrastando do cinema. A obra é incrível, poética, sentimental, intimista e muito, mas muito triste. O enredo se divide entre longas partes onde a melancolia toma conta da atmosfera e alguns poucos picos de momentos felizes, os quais fazem sorrisos sinceros brotarem de nossos rostos. O elemento chave define o quão imersivo é o filme para cada um que assiste é empatia.

Tom Hopper, ganhador do Oscar em 2011 de melhor direção em O Discurso do Rei, encara agora outro desafio, também de drama histórico. Representar a primeira cirurgia de adequação de sexo da história e todo o contexto psicológico que envolve este processo não é tarefa fácil. Hopper escolheu, ao meu ver, um caminho mais seguro, mas que mesmo assim gerou suas controvérsias, até mesmo nas esferas social e política, extrapolando o universo artístico cinematográfico de um modo curioso e concomitantemente triste. Em minha cidade, por exemplo, o filme precisou ser requerido pelos espectadores, pois os cinemas recusaram-se a colocá-lo em cartaz. Um filme indicado a quatro Oscars fora de cartaz e o motivo para isto é óbvio. Mesmo a própria comunidade trans ficou dividida em relação ao filme. Houveram opiniões positivas, mas também há quem diga que o fato de um ator cisgênero interpretar uma pessoa transsexual não fornece representatividade suficiente para o público trans. Não me aprofundarei muito nisto, mas creio que a menção seja válida.

Voltando ao filme, a obra romantiza muito o processo de descobrimento de Lili Elbe (Eddie Redmayne), principalmente fora do contexto interno de seu relacionamento com Gerda Wegener (Alicia Vikander) e sua amizade antiga com Hans Axgil (Matthias Schoenaerts). Apesar de fazer a separação de gênero e sexualidade, erro comum quando se fala a respeito de pessoas transsexuais, o filme trata pouco sobre transfobia e transforma tudo em algo belo demais. Fora uma única cena de agressão motivada por isto e dos vários diagnósticos médicos errôneos, não são apresentadas outras formas de discriminação. Não que seja divertido ou qualquer coisa do tipo ver o sofrimento trans nu e cru, mas considerando o contexto do filme, que se passa na década de 20, seria mais crível mencionar as diversas dificuldades enfrentadas por pessoas trans, além do drama relacional e psicológico que foi apresentado. Para mim este foi o único ponto negativo do filme, pena que ele reaparece em várias outras situações.

O filme concorre agora aos Oscars de melhor ator, com Eddie Redmayne, de melhor atriz coadjuvante, com Alicia Vikander, de melhor figurino, com Paco Delgado e de melhor direção de arte. Certamente o filme merece estas indicações. As atuações estavam excelentes, Eddie e Alicia trabalham com uma química incrível, os olhares, as expressões, os toques, cada ação conjunta te convencem de que os dois possuem algo especial e que confiam um no outro. O figurino e a arte nem sequer precisam ser mencionados, basta ver e sentir para perceber o quão belos são. O filme é bom, mas poderia ser mais corajoso em alguns pontos, o que garante uma nota 4,0 de 5,0. Uma obra que te faz refletir que merece ser assistida, de preferência com um lencinho de papel ao lado.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Deadpool!

Finalmente um dos filmes de super-herói mais aguardado foi lançado, mas espere um pouco, este não é um filme de super-herói. Deadpool é esperado desde o teaser vazado que tornou-se viral e já estreou quebrando algumas marcas históricas, dentre elas a de filme mais lucrativo nas mãos de um diretor de primeira viagem, superando os 260 milhões de dólares em bilheteria. Tim Miller tem muito a agradecer a Fox, ou seria a Fox que deveria agradecê-lo?

O filme já é uma pérola antes mesmo de ser assistido. Com uma equipe de marketing inspiradíssima, que soube o que fazer para atrair o público, o Mercenário Tagarela (Ryan Reynolds) já te conquista antes de sua estreia, é um filme que você vai assistir tendo a certeza de que irá gostar. Embora Ryan tenha tido papel de destaque na mídia por se esforçar bastante para o filme ocorrer, os roteiristas, Rhett Reese e Paul Wernick, são de fato os verdadeiros heróis da obra. Que roteiro de tirar o fôlego, e é de tanto rir! As piadas são excelentes e começam a todo vapor já nos créditos, Elas conversam com um público específico e é perceptível que isto tudo foi intencional e muito bem planejado. Em alguns momentos tive que parar para enxugar as lágrimas depois de algumas gargalhadas convulsionais.

Em diversos momentos as referências à cultura pop atuais, dos anos 90, de outros papéis mal sucedidos de Ryan Reynolds e até mesmo a outras produções fracassadas da Fox inseridas no contexto de quadrinhos são totalmente escrachadas e satirizadas. Em vários outros momentos o filme tira sarro de si mesmo e do próprio gênero. Deadpool sabe com qual público está falando e fala de uma maneira hilária e não tem medo de tocar, bem de leve, em algumas feridas. Se este filme não tem exatamente a essência do personagem, eu não consigo imaginar qual filme tem ou terá. Talvez apenas o filme O Máskara, de 1994, se iguale no quesito nonsense.

Há quem pense que este filme abriu novas portas ao já saturado gênero de super-herói no cinema ou mesmo que Deadpool criou um novo subgênero dentro desta parcela criativa cinematográfica. Não acredito nesta possibilidade, esta subcategoria de comédia teve seu pontapé inicial com Guardiões da Galáxia. Deadpool deu apenas um toque mais acentuado e ácido ao humor inaugurado no filme de 2014. Além do mais, esta pegada cômica da primeira obra só foi possível, porque os personagens eram pouco conhecidos, o que proporcionou uma vasta liberdade para criar. Já com Deadpool, não havia outra alternativa, o personagem exigia algo insanamente engraçado. Acho difícil o personagem abrir uma nova porta dentro do universo cinematográfico que adapta quadrinhos, até porque ele é um dos únicos que torna possível essa alternativa, ao menos com toda essa liberdade que presenciamos nos cinemas.

Deadpool vale cada centavo investido para ir ao cinema. O filme é incrível para quem conhece, para quem não conhece e mesmo para quem nem cogita a existência de um personagem tão maluco. Fui ao cinema com pessoas que nunca ouviram falar de Deadpool, nem ao menos sabiam seus poderes e com pessoas já mais familiarizadas com a excentricidade do mercenário mais irritante dos quadrinhos. Ambos adoraram. O filme merece nota 5,0 e nem um décimo a menos.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Jurassic World - O Mundo dos Dinossauros!

Logo após Mad Max: Fury Road, Jurassic World, o Mundo dos Dinossauros, veio para gritar, ou rugir, ao público cinéfilo que as revisitas aos clássicos estão vindo com grande força. Com uma arrecadação de cerca de 1,6 bilhões de dólares no mundo, a obra deixou Os Vingadores, ultima grande bilheteria, para trás com uma leve, porém considerável, vantagem.

O enredo está longe de ser criativo. Novamente o parque é reaberto, mesmo com as grandes catástrofes anteriores, os irmãos Gray Mitchell (Ty Simpkins) e o pré adolescente Zach Mitchell (Nick Robinson), que é o personagem mais irritante do filme, são o fio condutor da história. Os dois se perdem e os dinossauros acabam se soltando e atacando os visitantes. Essas características resgatadas do filme de 1993 não seriam ruins se a obra procurasse acrescentar outras coisas ao roteiro. As únicas coisas novas são: a modificação genética, que possibilitou a criação de um dinossauro híbrido com característicasde várias espécies, uma ideia suicida, tendo em vista as experiências anteriores; o drama familiar dos pais dos garotos, que nem ao menos foi desenvolvido, totalmente descartável; a chefe de operações Claire Dearing (Bryce Dallas Howard), que não sabe de nada que acontece no próprio parque e, por fim, Owen Grady (Chris Pratt), uma espécie de Indiana Jones que tem uma relação curiosa em relação aos raptores militarizados.

Estes dois últimos elementos foram os mais interessantes. Jurassic World serviu de ponte para Chris Pratt alavancar sua carreira e se lançar ao estrelato. De fato sua atuação estava boa, engraçada e coerente, mas nada favorecida pelo resto da produção, nosso Star Lord não conseguiu segurar o filme sozinho. Já os raptores sendo usados como armas militares, apesar de pouco crível, não que isso importasse muito, afinal é um filme de dinossauros clonados com DNA de rãs, foram uma reformulação diferente e ganhou pontos pela inovação.

Embora a recepção do público tenha sido bastante positiva, o maior truque que fez a obra ganhar tanta notoriedade foi o hype e o boca boca. O primeiro erro, ao meu ver, foi tentar remexer na franquia de Jurassic Park. Mesmo com o segundo filme, O Mundo Perdido, de 1997, ter sido relativamente interessante, não havia necessidade de uma reformulação do universo de Jurassic Park. O contexto me faz pensar, sem muito esforço, que o filme não passou de um chamariz de público, proveniente do sucesso de Mad Max, lançado em maio do mesmo ano.

O filme não possui identidade própria, se firma totalmente nos feitos dos filmes anteriores e faz isso de maneira mediana, em alguns momentos replica cenas clássicas, uma apelação à memória afetiva de todos os fãs. Jurassic World faz uso da nostalgia, mas apenas dela e não preocupa-se em apresentar algo novo. Até mesmo a combinação de efeitos práticos e 3D do filme de Steven Spielberg mostrou-se infinitamente mais eficaz do que o CGI exagerado desta nova versão. Com uma nota 2,5 de 5,0, a obra não faz muita falta, servindo, no máximo, para uma ida ao cinema para ser vista apenas uma vez. Infelizmente, devido à exorbitante bilheteria, uma continuação já foi confirmada para junho de 2018. Pelo menos não tivemos uma repetição do fracasso artístico que foi o filme de 2001, que conseguiu ser pior que este.